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Geilson deve definir se haverá 2º turno em Feira, apontam especialistas

Terceiro colocado nas intenções de voto em Feira de Santana, conforme os números da pesquisa A TARDE/Potencial Pesquisa, o ex-deputado Carlos Geilson (Podemos) poderá ser o “fiel da balança” para definir a ocorrência de um segundo turno na disputa municipal, avaliam os participantes da mesa redonda realizada nesta quinta-feira, 10, em transmissão do A TARDE Conecta.

Para o cientista político Cláudio André de Souza, o ex-deputado pode atrair um “voto mais solto” diante da polarização entre a gestão atual, do prefeito Colbert Martins (MDB), e o PT, do deputado federal Zé Neto (PT), caso leve adiante a candidatura.

Zé Neto e Colbert estão empatados tecnicamente, com 29% e 22% das intenções de voto, respectivamente, enquanto Geilson tem 9%.

“Ter uma terceira candidatura fora da polarização pode atrair uma parte do eleitorado e forçar o cenário de segundo turno”, afirma Cláudio André. O diretor da Potencial, Zeca Martins, estatístico e especialista em Marketing Político, vai além. Ele também enxerga Geilson como “o grande balizador da eleição ter segundo turno ou não” e acrescenta que a tendência, em eventual crescimento de tal candidatura, seria tirar votos do atual prefeito. “Se Geilson conseguir atrair os votos de Colbert, faz com que Zé Neto já se aproxime o segundo turno. Já que esse percentual de Zé Neto é mais ou menos aquela ordem de grandeza histórica do PT”, diz.

Ambos avaliam, entretanto, que, mesmo com a polarização sinalizada no levantamento, ainda há espaço para crescimento de outras pré-candidaturas, incluindo a do próprio Geilson. Um dado que aponta isso é o alto índice de entrevistados que, na pesquisa espontânea, disseram não ter candidato: 51%. “Isso também é um fator interessante. Para onde vai esse voto? Está esperando um novo candidato? Esse indeciso quer uma gestão do PT ou é antipetista? Tem alguma aproximação com o discurso do presidente Bolsonaro? Está na dúvida se Colbert pode ser a continuidade do grupo de Zé Ronaldo? É um percentual ainda muito elevado da população que não sabe o voto”, destaca Martins.

Para os participantes da mesa redonda, o cenário é de disputa acirrada, mesmo com a rejeição de Zé Neto (39%) inferior à de Colbert (54%). O cientista político lembra que o emedebista teve sua gestão avaliada como regular por 36% dos entrevistados, o que lhe daria margem para uma melhora da popularidade. “O grande desafio do prefeito é cuidar de uma plataforma de campanha que defenda a gestão e diminua o desgaste. Há uma possibilidade de reversão, dado o percentual relevante que o avalia como regular”, afirma Cláudio André.

Martins analisa que o índice de rejeição de Colbert limita muito o seu potencial, mas diz que é necessário avaliar “o quão sólido é esse número”. “Será que esses 39% de rejeição de Zé Neto são o antipetismo? Se o percentual de rejeição de Colbert estiver relacionado à administração, tem chance ainda de recuperar. A percepção pode ser dissipada e não ser tão consolidada”, afirma.

Também foi discutido o papel que o governador Rui Costa (PT) poderá ter como “cabo eleitoral” da candidatura de Zé Neto, seu antigo líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia. “A figura do governador é singular, do ponto de vista da relação com o eleitorado petista e também mais amplo. Sua imagem é construída com base na despolarização. Ele é um cabo eleitoral muito interessante, porque tem a capacidade de diminuir o antipetismo, ao fazer um governo bem avaliado pelos eleitores mais à esquerda, mas também pelo eleitorado que até se considera de direita e considera que ele faz uma boa gestão”, afirma Cláudio André. Para Martins, o chefe do Palácio de Ondina “faz muito bem essa relação com o empresariado e as questões sociais”.

Na pesquisa, o governador foi melhor avaliado na cidade do que o prefeito. A administração estadual foi classificada como ótima por 18% e boa por 31%, enquanto a gestão municipal foi definida como ótima por 5% e boa por 18%.

Em um eventual segundo turno entre Colbert e Zé Neto, foi especulada pelos debatedores se haveria uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro em influenciar os rumos eleitorais em Feira, segunda maior cidade da Bahia.

Martins diz não ver atualmente a disposição do presidente em declarar apoios nas eleições municipais, salvo em alguns casos. Cláudio André, por sua vez, acredita que a postura atual do chefe do Palácio do Planalto reflete a dificuldade em montar uma estratégia devido à ausência de uma relação mais consolidada com o centrão, cujas siglas costumam fazer alianças com diferentes forças políticas.

O cientista político acrescenta que, mesmo com a melhora da avaliação do presidente nas últimas pesquisas nacionais, é necessário cautela com tal estratégia. “A ponderação que a gente pode fazer é que a nacionalização pode servir como uma casca de banana, como foi com o PT em Salvador em 2012. Isso também vale para agora, caso a campanha de Colbert aposte em uma nacionalização, com promessa de ampliação de recursos federais. Tem que ter muito cuidado, sobretudo com o impacto de Bolsonaro em um segundo turno”, afirma.

Recorte – O instituto também verificou o desempenho dos postulantes por região. “Esses resultados começam a mostrar também o caminho do voto”, afirma o diretor da Potencial.

Das seis regiões de moradia verificadas, há vantagem de Zé Neto em três delas (RA 3, RA 5 e distritos). A RA 3 é formada pelos bairros e localidades Bem-te-Vi, Centro Industrial, Chácara São Cosme, Feira X, Jardim Acácia, Jussara, Mar da Tranquilidade, Muchila I, Muchila II, Olhos D’água, Pedra do Descanso, São João do Cazumbá, Serraria Brasil e Viveiros. Na RA 5, estão Cidade Nova, Cidade Universitária, Coronel José Pinto, Estação Nova, Feira V, Iguatemi, João Paulo II, Milton Gomes, Morada do Bosque, Papagaio, Parque Ipê, Ponto Central, Prato Raso, Queimadinha, Santa Quitéria e São João. Os distritos são Bonfim da Feira, Humildes, Ipuaçu, Jaguara, Jaíba, Maria Quitéria e Tiquaruçu.

Na RA 3, o petista tem 34% das intenções de voto, contra 14% de Colbert e o mesmo percentual para Geilson. Na RA 5, Zé Neto tem a preferência de 33%, enquanto 24% afirmaram que vão votar no atual prefeito e outros 5% declararam voto em Beto Tourinho (PSB). Nos distritos, Zé Neto lidera com 29%, seguido por Dayane Pimentel (PSL), com 14%, e depois Colbert, com 12%.  

Na RA 1, Zé Neto pontua com 27%, seguido por Colbert (23%) e Geilson (15%). Na RA 2, o petista tem 26%, contra 24% do prefeito e 8% do radialista. Na RA 4, os índices foram, respectivamente, de 28%, 26% e 11% para os três melhores colocados. 

A RA 1 é constituída por Aeroporto, Bela Vista, Capuchinhos, Caseb, Conceição I, Conceição II, Lagoa Grande, Lagoa Salgada, Mangabeira, Parque Getúlio Vargas, Rosário, Santa Mônica, SIM, Santo Antonio dos Prazeres e Subaé. NA RA 2, ficam 35º BI, Aviário, Brasília, Eucalipto, Feira VII, Francisco Pinto, Fraternidade, Irmã Dulce, Jomafa, Limoeiro, Luciano Barreto, Parque Panorama, Sitio Matias e Tomba. A RA 4 é formada por Alto do Cruzeiro, Asa Branca, Baraúna de Baixo, Baraúna de Cima, Barro Vermelho, Barroquinha, Calumbi, Campo do Gado Novo, Campo Limpo, Campo Universitário, Caraíbas, Centro de Abastecimento, Cruzeiro , DNER, Feira IV, Feira IX, Feira VI, Gabriela, Galileia, George Américo, Horto, J.J. Lopes de Brito, Jardim Cruzeiro, Minadouro, Montel Pascoal, Morada das Árvore, Morada do Sol, Nagé, Nova Esperança, Novo Horizonte, Pampalona, Parque das Acácias, Parque Manoel Matias, Sobradinho, Tanque da Nação, Tanque do Urubu e Três Riachos.

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