Venda de antigripais dispara e consumidores relatam falta de produtos
Imunologista critica automedicação e pede que pessoas busquem profissionais.
Um dos reflexos do surto de H3N2 em Salvador é o aumento da busca por vitaminas ou antigripais. Tem farmácia que chegou a registrar aumento de quase 150% na venda desses produtos em dezembro, em comparação com novembro de 2021. Como consequência, os farmacêuticos relatam a dificuldade no abastecimento desses medicamentos.
“Foi algo muito inesperado. A gente não contava com tanta venda desses produtos logo nessa época do ano, quando nosso foco não costuma ser gripe e resfriado. A demanda mudou mesmo por conta do surto. Comparando o mês de novembro com dezembro, tivemos um aumento de 150%”, diz a farmacêutica Marcela Dias, que trabalha numa drogaria localizada no bairro da Pituba.
Já na Farmácia Andrade, localizada no Rio Vermelho, esse crescimento estimado foi de 85%, de acordo com a proprietária Nubia Andrade. “Por conta dessa virose e por muitas pessoas não terem tomado vacina, era claro que ia aumentar. Até hospital particular teve fila enorme para atendimento e na farmácia não seria diferente. Evidente que aumentou a prescrição de medicação antivirais, antigripais e vitaminas, mas houve quem fosse buscar por conta própria”, afirma.
Estoque
A consequência disso foi a dificuldade em manter o estoque completo. “Nesse período do ano, já é comum ser as férias coletivas de diversos laboratórios. Somado com a alta na demanda, as distribuidoras não conseguiram ter estoque suficiente para suprir o necessário”, diz Rodrigues.
A farmacêutica Rita Cristina dos Santos Gonçalves, funcionária de uma rede de drogarias de Salvador, também verificou a falta de medicamentos. “Foi um verdadeiro boom. Acredito que houve aumento de 70% a 100%. Nós zeramos o estoque de muitos produtos para gripe. Temos falta de pastilhas, xaropes e antigripais. Em torno de dois dias já não tinha nada”, diz a profissional, que viu também a procura aumentar por analgésicos e vitamina C.
A farmacêutica Marcela Dias, também destaca a dificuldade na reposição. “O aumento foi tão grande a ponto de alguns remédios acabarem ou de terem problemas com reposição. O surto veio numa época de festas, quando é mais difícil para receber a mercadoria”, aponta. Ela acredita que a situação só vai começar a normalizar a partir desta terça-feira (4). “Mas alguns medicamentos continuarão em falta mesmo, pois as distribuidoras não estavam preparadas”, diz.
Dentre os remédios apontados como os que estão em falta, os profissionais destacam a Coristina D e os produtos da linha VIC. “São remédios difíceis de encontrar em muitas farmácias de Salvador”, conta Valmir.
A estudante Cândida Maria, 23 anos, foi alertada disso pelo farmacêutico. “Estava com febre e fui comprar um paracetamol e multigrip. O rapaz disse para eu levar duas cartelas ao invés de uma, pois o remédio já estava acabando na farmácia. Eu até fiquei desconfiada se isso era verdade mesmo, mas decidi comprar e valeu a pena, pois a febre continuou por mais alguns dias e acabei precisando de muito medicamento”, lembra.
Já o militar Pedro Carvalho, 25 anos, optou por um antialérgico após ter ficado com a garganta inflamada e secreção nasal. Um dia depois, os sintomas pioraram e ele comprou um multigrip. “Na hora melhorou, mas depois os sintomas voltaram mais fortes e eu tive que ir buscar atendimento médico para tomar a medicação adequada e mais direcionada para os meus sintomas. Eu tive que tomar antibiótico, analgésico, antialérgico, expectorante e um anti-inflamatório. Só assim eu fiquei bom”, diz.