Elevador Lacerda vai ganhar ar-condicionado e varandas, e Cubana muda de lugar; saiba detalhes e valores de edital
Um senhor prestes a completar 150 anos no próximo dia 8 de dezembro, o Elevador Lacerda já tem os primeiros passos para uma requalificação publicados. O Bahia Notícias teve acesso ao projeto executivo e ao edital, publicado na última quarta-feira (11), onde inclui uma nova iluminação da torre, alteração do espaço e um sistema de climatização para as cabines de elevação.
O equipamento, idealizado pelo engenheiro Antônio de Lacerda e construído pelo irmão Augusto, e já foi considerado o mais alto elevador urbano do mundo, terá um aporte de até R$ 7.795.555,90 em obras pela prefeitura de Salvador, incluindo a melhoria nas cabines. O cartão-postal que, anualmente, transporta 5,4 milhões de passageiros, ligando as praças Tomé de Souza, na Cidade Alta, e Cairu, na Cidade Baixa, vai receber um sistema de refrigeração.
Todo o espaço do Elevador Lacerda agora irá contar com um sistema de climatização VRF (Fluxo de Gás Refrigerante Variável), onde um sistema de ar condicionado central, do tipo Multi Split, que funciona com uma única condensadora (unidade externa) ligada a várias evaporadoras (unidades internas) através de um ciclo único de refrigeração, com sistema de expansão direta.
O projeto executivo também indica que após as diversas intervenções realizadas no Elevador Lacerda desde 1930, a de maior impacto foi aquela promovida pela Prefeitura Municipal de Salvador entre 2001 e 2002 – antes, portanto, do tombamento pelo Iphan, onde as varandas cobertas e lateralmente abertas, contando apenas com um guarda-corpo em alvenaria, foram fechadas há mais de 70 anos, passando a abrigar a sorveteria A Cubana.
A intervenção prevê a “recuperação do caráter leve e aberto destes dois espaços laterais “. A sorveteria Cubana está instalada no Elevador Lacerda desde o final da década de 1930 e se tornou uma referência indiscutivelmente ligada ao monumento. Deste modo, ela precisa ser realocada para outro espaço no acesso da Cidade Alta. A proposta de instalá-la em um trecho do que é, atualmente, o hall de acesso ao Centro de Informações ao Turista, um espaço absolutamente subutilizado, permitirá resgatar o caráter original de varanda aberta dos espaços laterais do acesso da Cidade Alta, ao mesmo tempo em que diminuirá os conflitos entre a fila de atendimento da sorveteria e o fluxo dos usuários do Lacerda”, aponta o projeto.
Além disso, do mesmo modo, na cidade baixa, “serão eliminados os dois espaços comerciais de planta triangular que ocupam as duas laterais junto à fachada principal, comprometendo a espacialidade e os fluxos do equipamento”. “Com isso, a entrada pela Cidade Baixa voltará a ser realizada pela porta da esquerda da fachada e a saída pela porta da direita. Na Cidade Alta, mantêm-se os acessos atuais, com entrada pela porta da esquerda da fachada da Praça Municipal e saída pela porta da direita”.
O nome “Lacerda”, existente desde 1930 no topo da fachada do edifício de três pavimentos voltada para a Praça Municipal, também será restaurado e iluminado. “Na Cidade Baixa, por sua vez, serão criados novos gradis metálicos sobre as três portas de acesso, com as palavras “ENTRADA”, “LACERDA” e “SAÍDA” nas portas da esquerda, central e da direita, respectivamente. Esses gradis adotam uma linguagem leve que faz referência aos gradis instalados em 1930 e apresentam uma tipografia que emula aquela utilizada na arquitetura déco”, aponta o projeto.
O sistema de pagamento também sofrerá intervenções. “Um problema muito grave no funcionamento atual do Lacerda é que a cobrança da taxa de R$ 0,15 (quinze centavos) é realizada na própria catraca, o que resulta em longas filas nos horários de pico e em outros momentos de maior demanda, tendo em vista que é preciso providenciar troco para cada passageiro. Visando melhor a eficiência do funcionamento do equipamento e reduzir as filas nos momentos de maior demanda, torna-se necessário criar bilheterias mais próximas aos acessos, tanto na Cidade Baixa quanto na Cidade Alta, e que permitam a formação de filas independentes das filas nas catracas”, ressalta o projeto.
“Na Cidade Alta, a bilheteria se localizará no que hoje é o hall de acesso ao Centro de Informação ao Turista, em posição simétrica à da sorveteria A Cubana, o que permitirá a formação de filas para aquisição de bilhetes sem impacto nos fluxos de entrada e saída do elevador daqueles que já estão munidos de bilhetes. No que se refere à Cidade Baixa, a bilheteria corresponderá a um balcão com fechamento em vidro blindado localizado no trecho central do hall de acesso, que servirá também como balcão de informações”, acrescenta.
Já os dois pavimentos acima do acesso da Cidade Alta passarão a abrigar o Memorial dos Ascensores Urbanos de Salvador, que contará a história destes equipamentos e sua importância para uma cidade que, desde a sua fundação em 1549, esteve separada em dois “andares”. Assim, neste memorial se contará a história dessa rede que remonta ao Guindaste dos Padres, do início do século XVII, e a outros guindastes de carga que traziam mercadorias do porto para a cidade até a formação de uma rede constituída por dois elevadores e dois planos inclinados para passageiros construídos entre 1869 e 1896 visando articular as linhas de bonde das Cidades Alta e Baixa. O projeto do Memorial dos Ascensores Urbanos de Salvador será desenvolvido na segunda etapa deste projeto.
O prazo inicial para a obra é de 360 dias, com validade do contrato, a partir da assinatura da ordem de serviço da obra. O projeto executivo é da AP Arquitetos Associados, com supervisão da Sedur e Fundação Mário Leal Ferreira.
Fonte: Bahia Notícias.