Itamaraty convoca embaixador da Hungria para explicar hospedagem de Bolsonaro
O Ministério das Relações Exteriores optou por convocar o embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, para prestar esclarecimentos sobre a permanência do ex-presidente Jair Bolsonaro na missão diplomática húngara, dias após a Polícia Federal ter confiscado seu passaporte.
Na diplomacia, convocar o chefe de uma missão para dar explicações na sede da chancelaria é uma forma de demonstrar descontentamento por parte do país anfitrião. No entanto, fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela reportagem não tinham informações sobre a presença de Halmai no Brasil.
A responsável por ouvir as explicações do diplomata húngaro é a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luisa Escorel de Moraes.
Segundo auxiliares de Lula (PT), o governo ficou chocado com a notícia divulgada pelo jornal The New York Times. Eles avaliam que o embaixador da Hungria não recebeu apenas um opositor político da atual administração, mas alguém alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). Esse gesto é interpretado como uma interferência do governo húngaro, liderado por Viktor Orbán, em assuntos internos do Brasil.
A Polícia Federal iniciará uma investigação sobre a presença de Bolsonaro na embaixada da Hungria. Os investigadores afirmam que ainda é prematuro determinar se houve uma tentativa de fuga, mas é necessário apurar a veracidade e a motivação por trás da permanência do ex-presidente na embaixada.
De acordo com o jornal americano, as câmeras mostram que Bolsonaro estava acompanhado por dois seguranças e permaneceu no prédio de 12 a 14 de fevereiro.
Se Bolsonaro tivesse permanecido dentro da missão diplomática, ele estaria protegido contra uma possível ordem de prisão, uma vez que se trata de um edifício amparado pelas convenções diplomáticas.
O ex-presidente é um aliado próximo do líder húngaro, Viktor Orbán, um dos principais representantes da extrema direita na Europa.
