Sindicato critica Lula por se reunir com reitores, mas não receber professores
O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), que representa mais de 70 mil professores em todo o país, criticou o presidente Lula (PT) por se reunir com reitores de universidades federais, mas não com os grevistas.
Nesta segunda-feira (10), o presidente se reúne com os reitores das universidades federais para anunciar um aumento no orçamento de custeio das instituições e um reforço da verba para investimentos em obras, conforme relatado pela coluna Painel da Folha de S.Paulo.
Esse gesto, no entanto, foi alvo de críticas dos representantes do Andes. Na última quarta-feira (5), Jennifer Webb, primeira tesoureira do sindicato, afirmou em audiência pública no Senado que nem a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) nem o Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) resolveriam a greve.
“Infelizmente, vergonhosamente, o governo e o presidente Lula estão atendendo a Andifes e o Conif como convidados e sequer receberam as entidades representativas das categorias em greve”, criticou. “Não serão os reitores que vão nos tirar dessa greve. O que vai encerrar essa greve é um processo de negociação justo que reivindicamos e que só a base pode deliberar.”
A próxima rodada de negociações entre os professores e o Ministério da Gestão está marcada para a próxima sexta-feira (14), no MEC (Ministério da Educação).
Gustavo Seferian, presidente do Andes, afirmou que desde o início do governo não houve qualquer sinalização de recomposição orçamentária e aumento de investimentos nas universidades federais. “Se houver um anúncio nesse sentido na segunda, certamente será resultado da greve”, disse.
Ele também destacou que o indicativo de novas obras deve vir acompanhado da garantia de direitos sociais. “Não pode estar condicionado a processos de privatização, com a destinação massiva de fundos públicos a empresas privadas, apoiada em terceirização e precarização do trabalho.”
O Ministério da Gestão sinalizou que não é possível atender à reivindicação dos professores por um aumento salarial de 3,69% neste ano, além dos 9% em janeiro de 2025 e dos 5,16% em 2026. Os anúncios de investimentos seriam uma forma de atender a algumas das reivindicações dos grevistas.