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Tradição familiar de Itapuã, Caruru de Cira do Acarajé faz 85 anos com exuberância

O tradicional caruru oferecido por dona Jaciara de Jesus, mais conhecida como Cira do Acarajé, que faleceu em 2020, celebrou 85 anos em 2024. Realizado no bairro de Itapuã, onde Cira viveu e sua família continua residindo, o evento aconteceu nesta segunda-feira (23) e reuniu mais de mil pessoas, incluindo convidados e a distribuição de quentinhas. Devido à grande participação da comunidade local, o evento requer uma estrutura profissional, com funcionários responsáveis por organizar o acesso e outras atividades, comparável à produção de um grande evento.

Cristina de Jesus, filha mais velha de Cira e atual responsável pelo legado da família, explica que a tradição começou com a avó de sua mãe. “Foi uma promessa de minha bisavó para Cosme e Damião. Não sabemos mais qual foi o voto, mas minha avó, Odete Brás de Jesus, deu continuidade. Mainha começou a dar o caruru aos 13 anos, aqui na mesma Rua Olhos d’Água, após ficar órfã, e assumiu a criação dos seus quatro irmãos mais novos.”

Wendy Moira, estudante de gastronomia que participou do evento pela primeira vez, ficou visivelmente emocionada ao ver os sete meninos posicionados sobre o tecido branco bordado, prontos para iniciar a cerimônia sem a tradicional confusão. “É uma delícia. E pensar que estou participando de uma celebração que já tem 85 anos é impressionante. Sinto-me muito honrada,” comentou Wendy enquanto provava seu prato de caruru.

Ana Paula, ex-nora de Cira e gerente do famoso tabuleiro de acarajé no Rio Vermelho, compartilha os detalhes da preparação: “Para o caruru, compramos 2 mil quiabos, 240 quilos de galinha, 30 quilos de feijão preto e feijão fradinho, 30 quilos de arroz, farinha, além de cana, abóboras, batata-doce, banana da terra, mel, rapadura e muito dendê. Ainda fazemos mil acarajés e abarás.”

Além disso, o Caruru de Cira tem uma particularidade: ele acontece em duas fases. Os doces e tortas são servidos no dia seguinte, nesta terça-feira (24), também às 17h30. “São 21 tortas, além do bolo de São Cosme, refrigerantes, pirulitos e os doces do tabuleiro, como cocadas e tamarindo,” detalha Ana Paula.

Entre os participantes fiéis está Marinalva, que comenta com humor: “Eu venho a esse caruru há anos, mas nunca fico para o dia dos doces. Sempre perco!”

Ana Paula revela que o evento custa cerca de R$30 mil, cobertos pela família, e acredita que este seja o maior caruru de Itapuã e, talvez, de Salvador.

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