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Primeira escola cívico-militar da Bahia funcionará já neste ano em Feira; Presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil diz que modelo “É algo ultrapassado, lamentável.”

A Escola Municipal Quinze de Novembro, localizada no distrito de Jaíba, em Feira de Santana, será a primeira da Bahia a fazer parte do novo modelo cívico-militar implantado pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira (26), no Twitter, pelo ministro da Educação Abraham Weintraub.

A mudança de metodologia acontecerá já durante o ano letivo de 2020. A escola, que é localizada em uma região pobre de Feira e tem um dos menores Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município, irá receber R$ 1 milhão em investimentos vindos dos ministérios da Educação (MEC) e da Defesa, o qual irá arcar com os pagamentos aos militares da reserva que irão trabalhar na unidade.

Além disso, segundo o secretário da Educação de Feira de Santana, Marcelo Neves, um novo prédio será construído com inauguração prevista para o ano letivo de 2021. Diretor, professores e coordenadores da unidade também foram para Brasília para receber uma capacitação, a fim de estarem aptos a aplicar o modelo cívico-militar.

A escolha pela Quinze de Novembro aconteceu por conta da unidade atender às especificações do edital do MEC pela localização e apresentação de alguns fatores, como registros de vulnerabilidade social e os baixos resultados de aprendizagem no Ideb.

Ainda de acordo com o secretário, a intenção é usar a escola como um “teste” para que, eventualmente no futuro, o modelo seja aplicado em outras unidades. Para defender a mudança, ele argumenta que a escola pública mais disputada de Feira é a mantida pela Polícia Militar.

“Eu não diria que é uma solução para a educação de Feira, mas é uma opção. Esse novo modelo ensina bastante na questão do respeito à parte disciplinar, na ligação com a comunidade, a questão da música, da farda e prática dos esportes”, defende.

Antes da mudança ser concretizada, todos os pais e alunos da Quinze de Novembro participaram de uma assembleia e aprovaram por unanimidade a decisão.

Além disso, de acordo com o secretário, a demanda por vagas na instituição aumentou após o anúncio – inclusive com pessoas que moram no Centro da cidade.

“Existe um preconceito com os militares por conta da ditadura e até do presidente Bolsonaro. Mas há também muitos pontos positivos nas escolas com esse modelo, principalmente nos resultados obtidos nos índices de educação”, justifica.

Opiniões contrárias
O presidente da Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA), Rui Oliveira, se manifestou contra a mudança. Para ele, esse modelo educacional não funciona a contento.

“É algo ultrapassado, lamentável. Uma ilusão de que a educação é disciplina, sendo que ela é uma convivência onde você se relaciona com as pessoas e aprende os seus deveres, sem ter medo de alguma retaliação ou castigo”, considera.

O sindicalista acredita que a intenção do governo federal com esse programa cívico-militar é de doutrinar os jovens para criar um “exército de reserva”.

“Você coloca todos os alunos de maneira igual, com a mesma farda, cabelo e opiniões. Sendo que não é assim, cada jovem é diferente e tem a sua história. Você não pode tratar com igualdade quem é diferente”, avalia.

Rui Oliveira afirma que modelos como as escolas técnicas técnicas ofereceriam resultados melhores a um custo mais baixo (o valor para a manutenção de um colégio militar é superior). Já sobre a grande adesão da população ao projeto, ele atribui o comportamento ao medo.

“As pessoas acham que desta maneira as crianças ficariam seguras dentro da escola, o que é uma falácia. A ausência do poder público na educação e segurança gera isso. O problema é que a verdadeira defesa de seus filhos só irá acontecer quando o estado agir não só dentro dos muros do colégio, mas em toda a comunidade”, afirma.

O que é escola cívico-militar
Principal proposta defendida por Bolsonaro e Weintraub, o modelo cívico-militar é uma mistura entre as escolas militares com os colégios tradicionais. A gestão da unidade permanece com os estados e municípios encarregados da área pegagógica, com as Forças Armadas encarregadas da parte da administração e disciplina.

São três os principais eixos de atuação: educacional, com atividades para fortalecer valores “humanos, éticos e morais” e incentivar a formação integral dos alunos; didático-pedagógica, com atividades de supervisão escolar e psicopedagogia para melhorar o processo de ensino e aprendizagem; e administrativa, voltado para ações de melhoria da infraestrutura e organização das escolas.

Um dos pontos em que há semelhança com os colégios militares é que neste novo modelo também é obrigatório o uso da farda e corte de cabelo militar. Além disso, deverão ter aulas de musicalização e educação moral e cívica com os militares.

Fonte:Correio

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