Big Brother em Cajazeiras: bairro já teve versão de reality com reconhecimento de Boninho
Se a Bahia é o mundo, a região de Cajazeiras, localizada na capital baiana, com certeza tem uma estrela só para ela. E o brilho é tão forte que chega a ser visível a olho nu sem muito esforço.
Considerado um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina, “CajaCity”, como foi apelidada pelos soteropolitanos, leva a alcunha pelo tamanho e pela capacidade de conseguir unir tudo em um só lugar, suprindo as necessidades dos moradores – afinal, o bairro realmente tem o porte de uma cidade.
E o que a “cidade” dentro de Salvador tem em comum com a Globo? O Big Brother Brasil. A ligação dos “dois extremos” não se dá apenas pela participação do motorista por aplicativo, Davi Brito, de 21 anos, na edição de 2024. Cajazeiras já teve um Big Brother para chamar de seu com repercussão nacional e direito a espaço na emissora.
Sensação das redes sociais em 2020, primeiro ano da pandemia da Covid-19, o Big Brother Cajazeiras surgiu através de um meme na web compartilhado pela página Cajazeiras da Depressão, que atualmente é administrada pelo criador de conteúdo Wendell Muniz, de 25 anos.
“A ideia surgiu e Yuri e Rosi, foi um meme que a gente postou com personalidades de Cajazeiras. Quem participaria do BBB Cajazeiras? Aí a gente pegou o rapaz que faz a bike som que roda por Cajazeiras, a menina que faz a locução da loja, Dinho Jr. porque é uma pessoa conhecida daqui, fulano que era professor de várias academias de Cajazeiras. Fizemos essa brincadeira e o pessoal começou a pedir para fazer o Big Brother de verdade”, contou ao Bahia Notícias.
O reality idealizado por Rosi Costa, Yuri Santos e Tâmara Sampaio, foi pensado de forma segura para conseguir “driblar” o isolamento social para promover a brincadeira sem colocar a saúde de ninguém em risco. “Eles decidiram tirar isso do papel e fomos desenvolvendo semana a semana, não tinha receita de bolo, era tudo muito novo. Fizemos tudo através do WhatsApp e fomos desenvolvendo provas virtuais porque foi a época da pandemia, no auge”.
O sucesso do BBC foi tamanho que a brincadeira colocou Cajazeiras no radar nacional, com espaço na TV Bahia e passagem pelo Fantástico. “Eu nunca imaginei que fosse ter esse alcance. Nossa página, o ‘Cajazeiras da Depressão’ tinha 17 mil seguidores e do nada foi parar em 40 mil. Tiago Leifert falou da gente no programa ao vivo, Boninho escreveu nas redes sociais, Thiaguinho brincou dizendo que ia fazer show na final do BBC”, disse aos risos.
O reality contou com duas edições, sendo a primeira um prêmio simbólico de R$ 300, que foi vencida pela influenciadora Scarllet Almeida. E a segunda com prêmio de R$ 1 mil, que teve como campeã a maquiadora Raquel Cardoso.
Wendell conta que quem passou pelo programa sente que teve a vida mudada, com reconhecimento local e oportunidades de trabalho. “Eu ainda tenho contato com as campeãs, Scarllet e Raquel. Scarllet realizou o sonho dela que era de ir para Morro de São Paulo, ela levou a mãe dela e foi um momento muito especial. Tem também Jair Leal, um senhor de 60 anos, que está fazendo publi por causa do Big Brother Cajazeiras. Ele não tinha rede social, essas coisas assim, e criou depois do programa”.
Assim como quem participou do BBC, o Big Brother Cajazeiras, Davi leva a essência dos “pipocas” de um dos maiores bairros de Salvador para o Brasil. Wendell conta que, no bairro, o motorista por aplicativo já pode se considerar campeão se for depender apenas do apoio da torcida local.
“A movimentação está grande em Cajazeiras, até porque Davi é um rapaz que sempre trabalhou por aqui, ele vendia quentinha na Rótula da Feirinha, era entregador de uma churrascaria. Ele inclusive já entregou aqui em casa. E a galera está se unindo grandão. A mãe dele pegou um carro para rodar todas as Cajazeiras para pedir voto”, conta.
Wendell avalia que, apesar das críticas pelas declarações que foram consideradas polêmicas, o público conseguiu ver verdade no pedido de desculpas do baiano e tem dado o voto de confiança ao motorista. “Acho que a galera percebeu que ele falou sem maldade, e foi humilde em pedir desculpa no dia seguinte. Quem é daqui sabe que é natural da gente, embora seja homofóbico e precisa ser algo mudado”.
Fonte: Bahia Notícias.