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Após veiculação de matéria sobre caso Marielle, Bolsonaro ameaça Globo

Após a veiculação de uma reportagem do Jornal Nacional, o presidente Jair Bolsonaro poderá ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol).

O telejornal mostrou que teve acesso com exclusividade a registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde mora o principal suspeito de matar a parlamentar, e também o presidente Jair Bolsonaro.

Conforme contou em depoimento à polícia um porteiro do condomínio, horas antes do assassinato, um suspeito do crime, Élcio de Queiroz, foi ao local informando que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro.

No dia, conforme apontam registros, Bolsonaro estava na Câmara dos Deputados, em Brasília. Segundo o porteiro, contudo, alguém com a voz dele autorizou a entrada no prédio.

Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga o STF analise a situação.

Após a veiculação da matéria, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar a TV Globo com a não renovação da concessão da emissora e atacou o governador do Rio de Janeiro, Wison Witzel (PSC) em live realizada no Facebook na madrugada desta quarta-feira (30).

O chefe do Executivo brasileiro negou a acusação de envolvimento no crime e chamou Witzel de “inimigo”, acusando-o de ter vazado o processo, que corre em segredo de Justiça, à imprensa.

Bolsonaro acusou também a TV Globo de o “infernizar” e disse que, se a emissora tivesse “o mínimo de decência”, não teria divulgado detalhes de uma investigação em segredo judicial.

A Rede Globo divulgou uma nota nesta quarta-feira (30) em resposta às declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
No comunicado, a emissora afirmou que não fez “patifaria” e nem “canalhice”, como disse o presidente.

“Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações.”

Sobre o depoimento do porteiro, a Globo foi enfática: “Com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação”, destacou.

“A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações”, ressaltou.

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